Deixei tudo por ela, naquele quarto de hotel, deixei-lhe o
dedo
A humedecer, apenas o dedo, até enrugar, por ela, com os Hell´s Angels,
Do outro lado da rua, eu com o dedo cheio de óleo e sono,
Deixei tudo por ela na esplanada da praia, para lhe escrever
um poema,
Vai sair agora num livro, talvez, a água das pedras ajudou
como
Um placebo que se sabe placebo, o pastel de nata velho,
Tudo por ela, parti a garrafa contra a parede, fumei
cigarrilhas de pêssego,
Encostaste-me ao motor ainda quente, eu deixei, deixei,
Engoli o teu drama anterior, enquanto me emprestavas a
língua,
Sim, o teu namorado era mesmo um gajo com testa para eles,
Ainda digeria a bifana e não sei como ignoraste o hálito a
cerveja,
Haja plástico, recipiente e outro, contudo, deixei tudo,
O olhar, o luar, foi-se pela textura dela, deixei, enquanto
esperava
Que o tempo me aproximasse dela, o meu amigo no carro
Aquecia a amiga, deixei o que só havia um, e não rima,
A minha sorte tem sido deixar-me vir cá fora, lenços de
papel
Melhores que água quente, cerveja barata melhor que whiskey
De ilhas escocesas, com cachorro quente, batata-frita palha
Como pastéis de bacalhau, deixei tudo, por ela, pena ela não
saber,
Já nem deve dormir com a minha camisa vermelha, antes isso
Que partilhá-la com outro fadista, deixei tudo por ela,
deixei, deixei.
Turku
09.03.2015
João Bosco da Silva
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