Mega-Drive II
Sempre chegaste lá primeiro, lembro-me daquele tempo no
natal, na missa do galo,
Quando eu julgava que nunca ninguém tinha chegado tão longe
e que era impossível
Bater aquele boss, e tu me falavas que estavas dois níveis à
frente e que o final
Era assim e assado e eu desiludido com a minha conquista medíocre,
Mas tu mais velho, tu maior, como daquela vez em que na
festa da cidade
Em casa do nerd fracês dos computadores, engatei com o meu
tijolo Ericsson a1018s
Uma das primas da capital com conversas obscenas aliviadas
com muita punheta
Enquanto os foguetes iluminavam o céu do fim de junho e eu
os lençóis alheios,
E ela convencida que era o teu número e mortinha para que
lhe abrisses a boca da fome,
Quanta diferença faziam três ou quatro anos na altura, mas
como, se eu sempre tive
O inferno cá dentro, apesar da destreza de dedos só mais
tarde, venci tudo,
Salvei o mundo umas vezes valentes, salvei a minha filha,
matei tudo o que tinha que ser
Eliminado, fodi mais do que tu no auge dos teus remorsos,
contudo, morrerei
E ninguém ficará comigo como os que te levarão, não bem tu,
mas mais do que
O que tento deixar em livros que ninguém lê, onde tu também
estás, já te encontraste,
Existes mais do que aquilo que os que te odeiam sem razão, a
vida tão estranha,
Não basta cima, baixo, esquerda, direita, a, start, e vamos
para onde quisermos,
Estamos onde quisermos, voltámos para onde quisermos, nada
disso, sempre em frente,
Fracassámos e não reiniciámos, continuámos, tudo só com uma
vida,
Eu bem sei que seria atrás da garagem o reaparecer depois de
morrer, agarrados à gaita.
29.09.2015
Turku
João Bosco da Silva
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