A Cor Do Mar
aos 7,
Não me lembro o que esperávamos, mas lembro-me da cor do
mar,
Da textura do muro de pedra contra a pele tão cheia de
certezas,
Tão certa das boas intensões do futuro, e aquela cor fria
apesar do Sol,
Aquele vento contra a vontade de um Verão precoce em Abril,
Lembro-me do livro que tinha comigo sobre uma morte
anunciada,
Só não me lembro por que estávamos sentados em cima do muro
à beira-mar,
Da cor do mar não me esqueci, nem daquela ausência de sombra
nos olhos,
Cheios de tempo, tão virgens e inocentes, ignorando todos os
longos Invernos
E as noites sem fim, a escuridão de tanta gente que o futuro
semeará
No caminho a percorrer, tantas vezes sem uma montanha sequer
Onde descansar o olhar, mas que fazíamos nós ali a acumular
areia no vazio
Que o tempo deixa, chega então o autocarro para a cidade
cinzenta,
Era isso, e quando arranca, leva-nos a nós e à cor do mar.
Turku
23.03.2016
João Bosco da Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário