quinta-feira, 24 de março de 2016

A Cor Do Mar

aos 7,

Não me lembro o que esperávamos, mas lembro-me da cor do mar,
Da textura do muro de pedra contra a pele tão cheia de certezas,
Tão certa das boas intensões do futuro, e aquela cor fria apesar do Sol,
Aquele vento contra a vontade de um Verão precoce em Abril,
Lembro-me do livro que tinha comigo sobre uma morte anunciada,
Só não me lembro por que estávamos sentados em cima do muro à beira-mar,
Da cor do mar não me esqueci, nem daquela ausência de sombra nos olhos,
Cheios de tempo, tão virgens e inocentes, ignorando todos os longos Invernos
E as noites sem fim, a escuridão de tanta gente que o futuro semeará
No caminho a percorrer, tantas vezes sem uma montanha sequer
Onde descansar o olhar, mas que fazíamos nós ali a acumular areia no vazio
Que o tempo deixa, chega então o autocarro para a cidade cinzenta,
Era isso, e quando arranca, leva-nos a nós e à cor do mar.

Turku

23.03.2016

João Bosco da Silva


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