Apocalipse
Terá já acabado o mundo, sei que a última folha ainda tarda,
Ninguém me entrou ainda porta adentro com baionetas de
certeza
E me perguntou de que lado queria morrer ou pela mão de que
deus,
A manhã amadureceu fresca e as cortinas das janelas
Dançam perdidas neste fim do mundo,
Será que onde me sento nasceu uma fronteira nova,
Quantos novos nomes terá a fraga da minha infância
Debaixo do mesmo Sol de sempre, pelo que sei o rio corre
Ainda e se houve sangue já o levou até à foz
Onde tudo se esquece apesar dos nomes cravados nos muros
E das estátuas sem nome, prova que não há nada tão inútil
Quanto a morte, tanto quanto sei, pode já ter acabado o
mundo,
Contudo aqui me sento metralhando em paz, entre fragas e
giestas,
Na única fronteira que reconheço, entre o esquecimento e a
eternidade.
Torre de Dona Chama
04-08-2016
João Bosco da Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário