Não Me Cruzei Contigo Em Shibuya
Não me cruzei contigo em Shibuya, apesar do que dizem das
probabilidades,
Nem em nenhuma garrafa que espremi até ao verde do vidro
vazio,
No Porto encontrei apenas a tua sombra nos bares em que
entramos
E nos que hoje, podíamos entrar não fosse a morte ou isto
que é
Parecido mas não mata, separa apenas, para sempre, até à
verdadeira,
Nunca teremos Paris, nem sequer o aeroporto de Lisboa,
Eu tenho apenas aquela tarde no salão de chá onde me pareceu
ver-me
Finalmente nas tuas pupilas, onde anos mais tarde, na mesma
rua
Poetas gritariam a vontade que eu tinha de ti, mas não, nem
isso,
Nem me lembro do que bebi, enquanto te engolia toda na
certeza
De sempre a última vez e nunca mais, andamos a cruzar
continentes
Para isto, enquanto hoje se iluminam águas furtadas no Porto
Longe dos nossos sonhos já apagados pelos anos e a submissão
à vida.
29.08.2016
Turku
João Bosco da Silva
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