Acordei bastante cedo para um dia de folga, 12:30, café de
cápsula,
Vamos todos morrer de qualquer forma, banho a ouvir Lana del
Rey
No gira-discos avariado, duas fatias de pizza do dia
anterior,
Sair uma vez de bicicleta e abortar pelo medo à chuva no
pouco açúcar
Que resta na carcaça amarga, segunda tentativa de
guarda-chuva amarelo
Trazido de Tóquio e outros dias cinzentos mais iluminados,
Ir comprar um disco do Bob Dylan para redimir os mp3 piratas
que
Fizeram companhia nas noites solitárias de cidades doutros
anos
E acabar com um dos Radiohead, ir ao banco levantar 500$,
Ver a bodybuilder iraquiana com o boné igual ao que trazes,
Depois de mais 10 minutos perdidos para sempre,
Acabar por ter que ir à Forex levantar os dólares, sem
paciência
Para as tentativas de engate da funcionária, claro que é de
férias,
Ir lá fazer mais o quê se nem imaginação se tem para um
verso,
Entrar no bar favorito, vazio ainda às 4 e meia da tarde,
ainda bem,
Pedir uma cerveja picante e pensar como raio se apaga a boca
Se a cerveja acende mais a língua, abrir o livro The Days
Run Away
Like Wild Horses Over The Hills e emborcar o inferno na
companhia
De um dos mortos favoritos e isto é o dia de um poeta so
far,
E têm sido raros dias de chuva assim, mas tu sabes bem
porque escrevo,
Querido diário.
Turku
28.10.2016
João Bosco da Silva
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