“Blue Jeans”
Os meus pés ainda pequenos a correr pelas fragas em direcção
Ao salto no rio, o mergulho na água com a pele quente do Sol
Pintada pelo ar dos amieiros, ainda sou quando me lembro de
ti,
Ainda sustenho a respiração até os pés tocarem no fundo,
Sem medo de gravidade ou profundidade, a salvação
Num mergulho de cabeça, saberás sempre que és tu,
Que é de ti a água que seca na pedra quente,
Saberás sempre que o gelo todo também é teu e espera
Algo mais que a genuflexão do planeta ao deus dos teus
olhos,
Às vezes tropeço em ti antes de um REM, numa convulsão
De queda livre, num mergulho de infinito, numa certeza de
sonho,
Cada poema não passa de um segredo que te queria ter contado
Na mesa de um café de uma rua ressuscitada,
Cada copo vazio é uma tentativa de chegar a mais uma vida,
Que não imponha décadas e tantos lábios para ir matando as
noites,
Quantas vezes abri um livro e li para ti, estamos aqui,
Quantas vezes entrei numa cidade nossa sem ti,
Os meus pés ainda pequenos a correr pelas fragas quentes
Em direcção ao aconchego da boca do abismo,
Onde te encontrei uma tarde numa sala de ouro do Brasil,
Onde me afundo noite após noite, poema atrás de poema,
Até os pulmões se encherem da única forma de esquecimento.
29.01.2017
Turku
João Bosco da Silva
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