E Agora?
Hunter S. Thompson,
save us!
E agora que vamos fazer do mundo enquanto os tolos
enfurecidos
Se matam por ideias carunchosas de glória e além não há
merda nenhuma,
Agora que os reis nos cospem nos olhos mentiras que temos
que abocanhar
Como cães que julgam que somos e digerir aquele veneno como
Se fosse para o nosso bem, enquanto eles dos altos castelos
se riem
De que a sua merda humana nos faça medo e lhe tenhamos
respeito,
Que vamos fazer agora que o passado impossível parece chegar
como
Uma avalanche óbvia e inelutável, porque alguém deixou a
porta aberta
Pois o inverno já tinha sido há muito tempo e os lobos
entraram
Fecharam as portas, ergueram muros e sentaram-se a roer-nos
Os ossos e o futuro à lareira apagada, e agora, agora que o
não chegam a tanto
Chegou, agora que o não vai lá foi e já passou até dos
limites
Da imaginação dos livros distópicos que comemos na
adolescência
A uma distância segura da loucura que germinava, fermentava,
Em silêncio debaixo dos nossos colchões de barriguinha
cheia,
E agora, se tivermos que fazer a barba por medo, andar de
cruz na lapela,
Ou de cruz escondida por medo, agora que anoitece e ninguém
parece
Querer acreditar que se precisam acender os olhos e ver, ver
de verdade,
Contra toda a areia que nos atiram nos olhos como quem nos
quer
Semear vazios na cabeça, é que agora já é tarde, agora já
passou da hora, agora.
26.01.2017
Turku
João Bosco da Silva
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