Melancolia
Lambo da chávena uma gota de café que escorre, parece-me
impossível
Que ainda há minutos acordava só naquele quarto escuro,
Apagando sonhos e um poema que estava a nascer-me sem dedos
ou papel,
Devia ter posto mais açúcar, já me tem amargado a vida o
suficiente,
Cada vez que corro a cortina, sei que é cada vez mas certo
um cogumelo
Armado em Sol que o próprio, cada vez é mais raro
encontrar-me num livro
Ou ler um livro que me encontre, apesar de tudo não esqueci
tantos
Quantos me esqueceram a mim, tento não deixar escorrer nada
para a mesa,
Mas no fim é o que restará de nós, o que deixamos cair, o
que ficou por lamber,
Nunca um sonho onde se cravaram os dedos até se acordar com
as mãos cheias
De almofada, um poema que só a imagem dos versos se lembra e
nem uma palavra,
Como é que no sonho, sem pernas vamos mais longe, sem mãos
agarramos o que queremos,
Sem dentes mordemos mais fundo, e acordados a língua mal
acompanha
Umas gotas amargas de café que arrefece mais rápido que os
lençóis.
04.02.2017
Turku
João Bosco da Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário