Buda E Peste
Não se queixam
com sede
as flores de plástico.
Dos sonhos arruinados
nem uma pedra
para memória.
Anos depois o Danúbio
Ainda recorda
O poeta delirante.[1]
Dormiram cavalos
comeram os porcos
na casa de deus.
Beber vinho
onde princesas mortas
comiam bolos.[2]
Os folhos da saia
tão doces
antes do vinho.[3]
Sangue de touro –
ao longe teme-se
perto aquece a coragem.
Quando as evidências
são um Sol
ao acordares.
Todos os passos
nos levam
aos primeiros.
Qual é a distância
que mais
te custa?
Todas as cidades
o primeiro fascínio –
Porto.
Encontrar sonhos perdidos
em ruas
desconhecidas.
Trago-te sempre
comigo
desde que te perdi.
Enquanto tiver vida
e memória
será nosso o mundo.
À beira do Danúbio
lembro-me do amigo
nas margens do Sumida.
Que palavras se escondem
no fundo
do copo de vinho.
No café Astória
guerras e vidas depois –
cansado.
Sol –
um estranho
a cada ângulo.
Budapeste, Março de 2017
João Bosco da Silva
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