Andar Mal Das Tripas
Estou a uma semana de Portugal, ando fodido das tripas, só
me sai merda,
Há quase duas semanas que não me sai um poema, bom ou mau,
Tenho fumado pouco e a contragosto, apanhei o vício dos
dezasseis anos,
Qualquer dia volto a ficar invisível, até os olhos se me
apagam,
Um bêbado cumprimenta-me e dilui-se no sofá e a empregada
pergunta-lhe
Se está cansado, eu morro consumido por este tédio, farto de
ir em primeira
Pela ribanceira abaixo, onde até as cabras se viam sem salto
bailarino
E esta dor debaixo das costelas flutuantes, manias
celestiais,
Num ping-pong que nunca aprendi a jogar, ora um lado, ora
outro,
Ora medo, ora vazio, e tenho andado neste desporto de
perdição
Há demasiado tempo, até o sofá em casa se ressente, anda
farto de cu,
A cama não aguenta as manhãs azedas, parece que só nas
madrugadas solitárias
De luz apagada não incomodo a mobília, às vezes lá ouço o
queixume de uma sanita vizinha
A levar com uma mija depois da foda, ou daquelas meias
sonâmbulas,
Depois, tudo só paredes outra vez, entretanto, lá fora, nem
sei se chove se faz sol,
Só sei que estou a uma semana de uma caganeira valente.
14.04.2017
Turku
João Bosco da Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário