Hoje está mais claro, mais uma vez, à noite, no café dos
sonhos distantes
E do talento fossilizado em cordas e unhas hábeis de âmbar,
o vinho é ao lado do mesmo
A companhia multiplica-se de olhos fechados, a tinta sobra
no copo e os amigos
Sentem-se próximos à distância de um verso comum, um lugar
coincidente
Em estações diferentes, trazem-me os trocos e não tenho como
pagar esta bela ilusão,
Tenho tido Paris, tenho temido por Paris e Paris, mas nem em
Lisboa passaram
Dez anos desde o desencontro onde os aviões nos levam para
perto do esquecimento
E à beira do abismo onde a vida enfrenta o sonho, é noite e
hoje está mais claro
No copo de vinho tinto, ainda longe do fundo, tão perto de
nada cada instante
E nós convencidos que mais dez anos para o encontro que vale
uma vida que lá não chegará.
Montmartre
14.06.2017
João Bosco da Silva
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