Um Tropeço Nas Noites Frias
Não se regressará nunca àquelas três horas entre o salto e o
medo,
Entre nós um aeroporto e tantas ilusões, lembras-te do gosto
do tabaco naquela noite,
Fazia frio, era tão longe assim o que estava perto,
sentia-se nos dentes de batom,
Sentia-se no tártaro de vaidade, à distância de duas portas
batidas e alguma roupa
Desleixada a caminho do precipício ou da salvação, nunca
saberemos,
Há sempre um táxi que nos salva da dor delico-doce das
memórias que podíamos amargar,
Assim azedamos nos passos que engolimos, mais um pontapé ao
lado do miocárdio,
Mais um adiar aquilo de que se abriu a mão no mar alto e por
sorte
Um dia um tropeço na praia, ou uma areia no olho num dia de
vento
Quando já mais não sopre na vida e tudo um acender de velas
pela fome
Que não matamos e nos matou um pouco mais, a nós que já
morremos tanto.
Turku
02.06.2017
João Bosco da Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário