Escrevo-te Da Ilha
Escrevo-te da ilha, cansado de tanto ódio de mão cheia de
terra nos olhos,
Escrevo-te do isolamento inseguro, sobre este nevoeiro que
se adensa
À volta do coração, queria falar-te dos voos das aves, do
rebentamento do azul
Nas rochas dos sonhos, do ar leve e luminoso, mas não
consigo, não enquanto
Nos passeios da minha cidade do norte, da minha casa, seca o
sangue inocente,
Mais uma vez por uma sem razão, por mais um passo em direção
à distância
Entre nós, escrevo-te da ilha com uma ilusão segura e de
perto os corvos
Abordam-me com uma fome que me afasta as gaivotas, minha
casa alugada vazia,
Meu coração, fechado naquela caixa onde guardo os livros
mais raros,
É uma rocha que aos poucos se torna areia, dispersa num mar
de distância.
Baleal (Peniche)
19/08/2017
João Bosco da Silva
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