Mau Poeta
Gostava de ser um bom poeta, que se alimentassem com gosto do meu regurgitado,
Que apreciassem o cheiro azedo da má fermentação dos dias,
Que encontrassem caminhos na decomposição da perdição,
Gostava de ser lido com as gengivas a sangrar e os olhos secos da insónia contida,
Com uma palmada na coxa exausta ou um murro na inocência da mesa,
Mas não, não sou um bom poeta, canto para mim mesmo a despedida das vidas
Que me foram e me fui e só a mim me interessam ou até nem por isso,
Por vezes alguém se encontra num salto de versos, mas nunca ninguém se reconhece,
Ao menos trinco as tripas sem pudor e em silêncio, incomodo apenas quem quer ser incomodado
E poeta sou, seja lá o que isso for, teria sido melhor ter tido gosto pela bola
Ou ter lábia da que abre pernas e portas, mas saí antes um mau poeta.
07-11-2017
Seul
João Bosco da Silva
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