Quase Carta A Williams
Seria possível nos dias de hoje a carta do AG ao William Carlos Williams,
Hoje entre gatinhos, punhetas de dois minutos, minetes de bar,
Cataclismos bíblicos de fim-de-semana, salvações de mundo porta a porta,
Oscilações quânticas de orientações políticas, dentes do siso caducados,
Eternidades fossilizadas na seiva das amizades dos dias de sol
E outras merdas, claro que não, só há tomates nas pontinhas digitais,
Incêndios verdes, como o escorrer de cera demasiado líquida
Na cara de algumas japonesas de boas famílias,
Isto agora, este lugar a que ainda se chama mundo,
É apenas um armazém de carne por apodrecer, todos à espera
Pelo brilho redentor durante dois ou três segundos depois da morte
E o maior é aquele que brilhar mais tempo depois de se acabar o pio,
Não compreendo essa revolta toda, disse-me um dia,
Quem não me conhece de todo, confundindo um vulcão
Com a desculpa de um cocktail molotov, ando farto de tanto nada
A correr para as tripas da terra, ando cansado de tanto copo vazio
Entre mais uma vida derrotada e uma morte que se andou a adiar,
Peço desculpa pelo incómodo fico à espera da carta.
24.07.2018
Turku
João Boco da Silva
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