Tanizaki E Arroz De Tomate
A beleza como o amor, precisam do aconchego da sombra,
Como uma mulher nova com quem temos as noites contadas,
E nos nossos olhos, apenas o que ela, no aperto que partilhamos,
Nos ilumina, o tempo é como o excesso de luz, tudo revela,
Todas as sombras se apagam e surge a sujidade da cidade à luz do dia,
Mesmo sendo um ocidental, compreendo bem as palavras de Tanizaki,
E apaixonar-me sempre me pareceu como quando falhava a luz,
Jantava à luz das velas e até o arroz de tomate, que odiava, me sabia bem,
Porque não lhe via a verdadeira cor, o amor precisa de sombra para durar,
De outra forma seria impossível desejar foder um saco de tripas
E tolerar o sabor metálico da raiva nos dias secos.
Turku
09.07.2018
João Bosco da Silva
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