segunda-feira, 9 de julho de 2018

Dia De Chuva Em Rivendell 

Nos dias de chuva no Verão, regresso sempre a Rivendell, 
Sentado no chão perto da janela, no quarto ainda quente, 
Ignorando todas as distâncias que sem semear, 
Acabaria por colher, página a página, adiando encontros 
Nas escadas da junta e os poucos tangos possíveis, 
Embalado pela voz doce de uma irlandesa 
Num álbum pirata, as palavras escorrendo como a chuva 
Na janela dos meus olhos, que tanto perderão 
Quando os dedos não provam a verdade dos lábios mais sinceros, 
Naquele quarto pequeno, com as paredes semeadas 
Com vergonha no Inverno, em direção à salvação 
Na distância, na destruição, nas terras escuras, 
Nas noites longas com sabor a inferno gelado 
E cigarros que pareciam impossíveis e ridículos, 
Quando chove neste futuro inesperado, 
Que é afinal o presente que me contém, 
Ainda me estranho e sonho com acordar em Rivendell, 
Rodeado pelos amigos que já me esqueceram, 
Acho que só esta chuva, mesmo caindo de um céu 
Que não é o meu, me reconhece o espaço 
Que a esperança ocupou nos meus olhos. 

Turku 

05.06.2018 

João Bosco da Silva 

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