LBV 2013
Quem era eu enquanto as uvas amadureciam,
O meu avô já nem sonhava com o bagaço desse ano,
Eu perdido na felicidade com a mentira que mamava
Daquelas mamas neolíticas, uma vontade imensa
De perder-me, depois de teres acabado, ninguém se perde,
Ninguém se vai, tudo muda, tudo acaba,
Ficam apenas as ruínas, na terra e os que se arruínam,
Nunca ultrapassarei nada, sejam os filhos que nunca serão meus,
Sejam as mulheres que dão tudo, não ficando nada na verdade,
Só uma recordação amarga no copinho das análises,
Perdi-me na Itália mas juro que estiva momentos no Texas,
Nunca tinha estado tão longe da terra como em Coimbra,
Quem me dera ter sido mais estúpido, fazer-me de parvo mais tempo,
Ter joelhos para ajoelhar a deuses menores da raspadinha de cu para o ar,
Mas o meu país deixou de ser o meu lar há muito,
Fossem uns quantos metros quadrados a minha pátria,
Nunca me teria envergonhado das cores da bandeira,
Doce como a mentira, vermelho como o ódio sincero,
Gostava de ser mais racional, é tão feio, nem sei,
As pernas a abrirem, acredito que hajam grilos mais inteligentes,
Pelo menos quando se riem numa noite de luar,
Não me dá vontade de lhes arrancar as patas a todos,
O vinho desce, só porque a cerveja acabou,
LBV de 2013, ainda tinha a felicidade perto,
Acho que entretanto mudou o nome do meio,
Nunca soube o que o meu amigo me diria num dia de tosse sincera,
Ao menos os orgasmos eram bem fingidos,
Nesse ano, podia ter sido feliz com uma máquina ferrugenta,
Garrafas de vinho e um galinheiro, mas quase consegui
Fugir da vontade de morrer com um sorriso,
Nada verdadeiro te segue até ao fim do mundo.
Turku
18.09.2018
João Bosco da Silva
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