quinta-feira, 8 de novembro de 2018

El Rey Motel 

Vamos encalhando uns nos outros, como por obrigação, 
Até a ferrugem tornar conta de nós, até nos confundirmos 
Com o resto do mar, apenas com a certeza da ruína 
E uma felicidade apêndice que queremos impingir nos outros, 
A liberdade torna-se na transgressão maior, 
Aguardas pelos sonhos para que te levem a um quarto 
Do El Rey Motel, mas atrás de cada porta, uma solidão estranha, 
Do tamanho do vazio que todas as companhias deixaram, 
Atrás daquelas mamas entumecidas de leite, ainda a menina 
Da festa da aldeia, a vontade da carne viva dentro cuspindo inutilidades 
Enquanto as searas douravam como o cabelo, 
Depois do primeiro enforcamento fracassado, 
A inocência que nos resta não chega para evitar esta vontade de precipício. 

Turku 

07.11.2018 

João Bosco da Silva

Sem comentários:

Enviar um comentário