El Rey Motel
Vamos encalhando uns nos outros, como por obrigação,
Até a ferrugem tornar conta de nós, até nos confundirmos
Com o resto do mar, apenas com a certeza da ruína
E uma felicidade apêndice que queremos impingir nos outros,
A liberdade torna-se na transgressão maior,
Aguardas pelos sonhos para que te levem a um quarto
Do El Rey Motel, mas atrás de cada porta, uma solidão estranha,
Do tamanho do vazio que todas as companhias deixaram,
Atrás daquelas mamas entumecidas de leite, ainda a menina
Da festa da aldeia, a vontade da carne viva dentro cuspindo inutilidades
Enquanto as searas douravam como o cabelo,
Depois do primeiro enforcamento fracassado,
A inocência que nos resta não chega para evitar esta vontade de precipício.
Turku
07.11.2018
João Bosco da Silva
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