Último Natal
Tenho esperado por uma alucinação pura, uma derrota de braços abertos,
Algo que salve o último Natal, todos vivos em si, o avô ainda surdo,
Algo claro como a evidência luminosa do Sol através de uma lâmina de gelo
Arrancada de um poço à beira de um caminho onde nunca me perdi muito,
Tenho respirado frio, mas falta-me o ar fresco do monte que ardeu,
Como a inocência do orvalho nos olhos da infância, numas couves,
Numa manhã de lareira acabada de nascer de pinhas de verão,
Tenho esperado, mas de mãos nos bolsos, na verdade, com nada conto,
A não ser com a má vontade da língua e o arrastar de olhos pelos dias alheios,
Todos, agora, os que só o meu mesmo nome conheceram.
Turku
28.12.2018
João Bosco da Silva
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