Primeiro
Acabamos sempre por secar, os anos passam e parece que só nos fica a solidão,
Como se fosse o que nos mantem o nome colado aos ossos,
A cor dos olhos aprende-se a esquecer como se as partidas fossem últimas,
Nada mais cabe nos bolsos vazios, nada mais o vento traz depois de tanto inverno,
Tudo seca, as palavras perdem peso e custam cada vez mais a engolir,
Todos os sofás um refugio vazio como os sorrisos estranhos que se colecionam,
Como carrinhos de brincar enferrujados em cima de um guarda-fatos inútil,
Até as revistas de banda-desenhada perderam o cheiro às manhãs de junho,
Fomos feitos para perder, como espécie, como alma, como tudo,
Somos rios estéreis e fazemos da vida um mar deserto com esquecimento,
Temos sempre tanto quando não precisamos e o abraço cai sempre ao lado da salvação.
Turku
06-01-2019
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