domingo, 21 de abril de 2019

Aquele Quarto Na Escuridão 

Ainda sonho com aquele quarto onde nunca entraste, 
Cheio de vergonha, solidão e o cheiro azedo do esperma 
Envelhecido que as paredes escondiam, os dias pareciam cair 
Como o pó dos séculos e do silêncio absoluto 
Espremiam-se as violências dos vizinhos, 
Cobria a cor da vergonha com esboços apressados de sonhos de mãos fechadas, 
As manhãs pareciam nunca ter mais que a luz de um sol de Janeiro, 
Mesmo nos quarenta graus de febre, de um verão de ruína, 
Ainda sonho com aquele quarto sempre cheio da tua ausência, 
Com a igreja em frente, bela como o acordar de um pesadelo de Inverno 
E acordo sem levar o dinheiro ao senhorio cheirando a fritos, 
Como se com isso nunca lá tenha vivido na companhia do pó. 

Viena 

16.04.2019 

João Bosco da Silva 

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