Beirut
Há dez anos que me julgo velho, só agora estou certo,
Não sei quem me apresentou à fome de concertina,
Tenho ideia de que foi a amante turca numa carta
Que escondi demasiado bem, do perfume tenho a certeza,
Mesmo que a direcção da memória, desorientada
Por tempestades que fui conhecendo por acaso,
Acho que ela vive em Gales, com um velho da minha idade,
Mudou o apelido, a cor do cabelo ou foi a humidade,
Ou o vermelho envelheceu, afinal éramos jovens,
As uvas daquele porto vintage a poucos meses de maduras,
Mas quando o cheiro a bagaço no ar, já andava a enganar frios
Com a prima na serra, ainda casada com desilusões,
Só continua a fome à concertina e sonhos de americanos
No mediterrâneo, a vontade de ser feliz à chuva no verão.
Turku
11.04.2019
João Bosco da Silva
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