segunda-feira, 9 de setembro de 2019



Haikus Gregos 

Mesmo no Inferno 
haja ao menos 
grilos. 

Pousa o pardal 
na cadeira - 
turista cansado. 

Sobre mim caem 
as maiores ondas -  
sentado. 

Em frente à biblioteca 
de Adriano -  
polvo no prato. 

Se fechas a mão 
perdes 
o Sol. 

Apesar da distância 
estamos 
no mesmo minuto. 

Sal areia 
cus gordos 
e aborrecimento. 

As cigarras nos pinheiros 
o cheiro quente 
da adolescência. 

Cantam as cigarras 
nasce um tesão 
adolescente. 

A cor natural 
da paz 
este azul. 

Parte o barco -  
quem não irá 
sozinho? 

Nos gatos vadios 
um monge -  
pinheiros gregos. 

Esperar uma vez mais 
pelo favor 
da distância. 

Até a simpatia 
tem horários 
a cumprir. 

Que solidão impossível 
nesta beleza 
imensa. 

Sobre um céu 
fresco 
ilhas flutuantes. 

A lentidão do barco 
o azul dourado 
a minha calma. 

Gotículas de Egeu 
na minha pele -  
frescos diamantes. 

Partir ao pôr-do-sol -  
morna melancolia 
dourada. 

Apodrecem os limões 
à espera da janela 
que não abrirá. 

Atenas-Agistri, Julho 2019 

João Bosco da Silva 

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