Folhas de carvalho
desenhadas no papel -
distância.
Feitas de palavras
voam as borboletas -
sorri a mãe.
Onde encontraste
essa vontade de perder
ó cansaço.
Arrefece
o amor -
andorinhas em Setembro.
Cheira-me a nevoeiro
o teu olhar
distante.
Como o ar de chumbo
o meu amor -
tempestade de verão.
Não há distância
mais longa
do que aqui ao lado.
Dentro do carro
e delas -
chuva de Primavera.
No ar de Julho
o teu pescoço -
cheiro a livro novo.
À primeira gota
de chuva
esconde-se o gato.
Que bela esta noite -
desaparece meu esperma
na tua boca.
Borboleta conhecerás tu
o desespero do ar
antes da tempestade?
Bloco de notas
no bolso -
nunca só.
Hoje venho-me
dentro -
arroz de cabidela.
Certas recordações
quentes -
rebuçado de limão.
À beira rio me Julho
cheira-me
a virilhas adolescentes.
Erva fresca cortada
cheira aos amores
que já secaram.
Tanto grilo
e tão pouca
estrela.
Onde se esconderam
os bichos
da infância.
Dez quilómetros
por searas -
nem um gafanhoto.
Kyoto tão próximo -
mais um ano
sonhando lanternas.
De que servirá
tanto verde
quando ausentes?
Fiéis à rainha
as abelhas pousam
em qualquer flor.
Planear a viagem
que nunca farás -
este amor.
Saco de merda
de cão no chão -
a humanidade.
Derreteram os sinos
na guerra -
dobra a carne.
Na dança do trigo
maduro
teu corpo jovem.
Camomilas ao vento
no chão
merda de coelho.
Turku, Primavera-Verão 2019
João Bosco da Silva
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