quarta-feira, 18 de março de 2020

Insónia e Carro da Fruta 

Às nove da manhã o carro da fruta anuncia nomes estranhos a cinco reais, 
Mal consigo imaginar as formas, nem tento adivinhar o sabor, 
A boca seca da cachaça e a lua cheia não me permitem sequer o gosto daquelas palavras, 
Dormi mal, às quatro da manhã o vizinho tossia e tranquei a porta do quarto 
Depois de dar uma vista de olhos ao portão da rua, sentei-me na sanita uma hora 
Com o Bukowski ao colo, o mundo parece acabar todos os dias 
E agora à uma da tarde os grilos parecem ser a única eternidade possível. 

São Paulo 

12.03.2020 

João Bosco da Silva 

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