Só Mais Uma Enquanto o Povo Dorme
Tenho a felicidade a dormir, saberá qual é o prazo de validade
do desejo,
Quantas ejaculações duram um amor, amores interrompidos são
eternos,
Tivesse eu mais cigarros e queimava esta madrugada como fodia
quando jovem,
A eternidade é como os pássaros que regressam na primavera,
O amor é como o breve impulso que nos leva a saltar da ponte
quando garotos,
Parece haver sempre mais uma página em branco, só mais uma
transgressão,
Sempre há mais um último pecado, nem que reste apenas a vontade
de o fazer,
Tudo caduca na vida se não for queimado antes do prazo de
validade,
Conservado como uma Pompeia, que visitamos como turistas,
Quando na verdade nós, aqueles corpos tão familiares como o
sono.
Turku
29.05.2020
João Bosco da Silva
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