sexta-feira, 29 de maio de 2020


Um Bocado de Papel Higiénico Numa Casa Florestal Abandonada.

Sentado em frente a uma página em branco, ouvindo algo que traga um pouco do passado,
Porque só isso foi realmente vivido, o cu que agora sento nesta cadeira ainda está a ser,
Mas será, só quando se levantar se saberá, estou comigo mesmo, reconheço-me,
Velho amigo, eterno inimigo, mais uma lata vazia a caminho, o Sol prometeu uma despedida
A noite inteira, no entanto, só um estranho azul da cor da juventude e lagos no verão nórdico,
Relembro os gatos que o meu pai enterrou, ou o vizinho amigo, porque estávamos longe,
Relembro as gatas que lambi com a vontade de um condenado, abençoada juventude,
Que me moveria agora estes dedos amarelos de insónia e abandono,
Existe um certo prazer na agonia de encher o vazio com o que agora também nada,
A não ser que alguém também se lembre que houve luar no rio, naquela noite,
Como é que Bukowski terminaria uma coisa destas, parece que acabaste
De ler um bocado de papel higiénico numa casa florestal abandonada.


Turku

29.05.2020

João Bosco da Silva

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