Um Bocado de Papel Higiénico Numa Casa Florestal Abandonada.
Sentado em frente a uma página em branco, ouvindo algo que traga
um pouco do passado,
Porque só isso foi realmente vivido, o cu que agora sento
nesta cadeira ainda está a ser,
Mas será, só quando se levantar se saberá, estou comigo
mesmo, reconheço-me,
Velho amigo, eterno inimigo, mais uma lata vazia a caminho,
o Sol prometeu uma despedida
A noite inteira, no entanto, só um estranho azul da cor da
juventude e lagos no verão nórdico,
Relembro os gatos que o meu pai enterrou, ou o vizinho
amigo, porque estávamos longe,
Relembro as gatas que lambi com a vontade de um condenado,
abençoada juventude,
Que me moveria agora estes dedos amarelos de insónia e
abandono,
Existe um certo prazer na agonia de encher o vazio com o que
agora também nada,
A não ser que alguém também se lembre que houve luar no rio,
naquela noite,
Como é que Bukowski terminaria uma coisa destas, parece que
acabaste
De ler um bocado de papel higiénico numa casa florestal
abandonada.
Turku
29.05.2020
João Bosco da Silva
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