Sonhos de Nata
Sonhei com a tua cremosa mentira, éramos quase estranhos
outra vez,
A escuridão suja de uma casa quase abandonada e fria, acolhia-nos
o pecado,
Sonhei com a tua cremosa mentira, escorrendo-me pelo amor ao
nojo,
A vontade angustiante era de abismos, de uma cuspidela na
boca luminosa,
Sonhei com a tua cremosa mentira, num sonho perfumado por
madeira húmida
E telhados de zinco, o apodrecimento lento da inocência numa
aldeia quase deserta,
Sonhei com a tua cremosa mentira, espalhada orgulhosamente
no centro da tua vaidade,
Mas nunca o saberás, espelho das minhas traições
desencantadas,
Sonhei com a tua cremosa mentira, formando uma aureola na
minha carne pagã,
Encerrando o esquecimento que me impus, tem sido fácil o
vazio.
Turku
05.05.2020
João Bosco da Silva
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