terça-feira, 5 de maio de 2020


Sonhos de Nata

Sonhei com a tua cremosa mentira, éramos quase estranhos outra vez,
A escuridão suja de uma casa quase abandonada e fria, acolhia-nos o pecado,
Sonhei com a tua cremosa mentira, escorrendo-me pelo amor ao nojo,
A vontade angustiante era de abismos, de uma cuspidela na boca luminosa,
Sonhei com a tua cremosa mentira, num sonho perfumado por madeira húmida
E telhados de zinco, o apodrecimento lento da inocência numa aldeia quase deserta,
Sonhei com a tua cremosa mentira, espalhada orgulhosamente no centro da tua vaidade,
Mas nunca o saberás, espelho das minhas traições desencantadas,
Sonhei com a tua cremosa mentira, formando uma aureola na minha carne pagã,
Encerrando o esquecimento que me impus, tem sido fácil o vazio.

Turku

05.05.2020

João Bosco da Silva

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