sábado, 20 de junho de 2020


Impossibilidade de Ser

Cada vez mais difícil o silêncio, a companhia doce das cerejas
No cimo de uma cerejeira, a solidão escolhida no topo de uma fraga,
Apalpando os rumores da povoação em baixo, trazidos pelo vento,
Cada vez mais difícil o Sol apenas, as recordações ainda leves,
Mal tocadas pelas ondas do tempo, parecem impossíveis as carícias
De uma gota de suor percorrendo o flanco, como um arrepio
De primeiro olhar para sempre, impossíveis a pureza dos morangos silvestres
Pela mão do avô manco, agueira acima, nunca mais serei o outro
Que os anos engoliram, dele trago os olhos, mas até esqueci o olhar.

Turku

17.06.2020

João Bosco da Silva

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