Impossibilidade de Ser
Cada vez mais difícil o silêncio, a companhia doce das
cerejas
No cimo de uma cerejeira, a solidão escolhida no topo de uma
fraga,
Apalpando os rumores da povoação em baixo, trazidos pelo vento,
Cada vez mais difícil o Sol apenas, as recordações ainda
leves,
Mal tocadas pelas ondas do tempo, parecem impossíveis as
carícias
De uma gota de suor percorrendo o flanco, como um arrepio
De primeiro olhar para sempre, impossíveis a pureza dos
morangos silvestres
Pela mão do avô manco, agueira acima, nunca mais serei o
outro
Que os anos engoliram, dele trago os olhos, mas até esqueci
o olhar.
Turku
17.06.2020
João Bosco da Silva
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