sábado, 20 de junho de 2020


Henry Chinaski II

para a Cascão,

Sentado ao Sol, como um velho à lareira, recordando nas chamas o calor da juventude,
Lembro-me de ti, longe como um sonho esquecido, lembro-me de ti comigo nas mãos,
Foste a mais inesperada conquista dos meus versos, o teu corpo quente numa noite
Fresca de Agosto, contra a parede sagrada da Igreja, sobre a fraga irmã,
Rasgando os punhos no granito, enquanto saia de ti e me vertia quente na pedra morna,
Outras foram pijamas desviados em cima de mesas, chamadas de recepções de hotel
Que senhoras para subir, indecisões a meio caminho do aeroporto de madrugada,
Com poetas tão reais como o vermelho, outros quartos de primavera na capital
De vestido branco a cruzar e descruzar pernas, enquanto semeava distâncias à janela,
Anos depois de sacudir o futuro no granito entre as tuas pernas, sinto uma enorme gratidão
Por ter tão grande lareira onde posso resgatar-te e ser velho e feliz em silêncio,
Porque os versos me deram algo e até o trazem de volta, porque até vivi.

Turku

17.06.2020

João Bosco da Silva

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