Henry Chinaski II
para a Cascão,
Sentado ao Sol, como um velho à lareira, recordando nas
chamas o calor da juventude,
Lembro-me de ti, longe como um sonho esquecido, lembro-me de
ti comigo nas mãos,
Foste a mais inesperada conquista dos meus versos, o teu
corpo quente numa noite
Fresca de Agosto, contra a parede sagrada da Igreja, sobre a
fraga irmã,
Rasgando os punhos no granito, enquanto saia de ti e me
vertia quente na pedra morna,
Outras foram pijamas desviados em cima de mesas, chamadas de
recepções de hotel
Que senhoras para subir, indecisões a meio caminho do
aeroporto de madrugada,
Com poetas tão reais como o vermelho, outros quartos de
primavera na capital
De vestido branco a cruzar e descruzar pernas, enquanto
semeava distâncias à janela,
Anos depois de sacudir o futuro no granito entre as tuas
pernas, sinto uma enorme gratidão
Por ter tão grande lareira onde posso resgatar-te e ser
velho e feliz em silêncio,
Porque os versos me deram algo e até o trazem de volta, porque
até vivi.
Turku
17.06.2020
João Bosco da Silva
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