Escitalopram
Continuam-se a fazer listas negras, colecionar esquecimentos
furtivos
Na facilidade aparente de um novo amanhecer, somos todos
carne para canhão,
Nada levaremos da vida e pouco do que deixarmos, ficará a
ecoar,
Capricho inconsciente das engrenagens cósmicas, cada mundo
além órbitas,
Nada mais verdadeiro que o cheiro da lavanda há momentos
esmagada,
Nos dedos, os mesmos que encontram a veia, empurram o êmbolo
E trazem o susto de volta, um suspiro longe da luz, os
mesmos
Que na suculenta carne sibilante, acendem gemidos e promessas
fugazes,
Tornados num número redondo, num silêncio que engolirá todos
os ecos.
23.03.2021
Turku
João Bosco da Silva
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