Esperando o Café
Enquanto espero que a água suba e o café desça,
Releio “Lament for Bukowski”, já não é manhã,
A noite passei-a a dialogar com uma encefalopatia hepática
E uma parede, ambas queriam comprar cigarros
Às três da manhã, numa cidade fechada,
Bens essenciais, subitamente a água sobe e quando cai
No nível superior já é café, o Bukowski continua
No seu caixão “dead as hell”, também o Al Purdy,
Não me lembro do que era antes de cair,
Talvez nunca tenha sido puro, a vida também isto,
Um lamento crescente, um poema que nasce de outra dor.
08.03.2021
Turku
João Bosco da Silva
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