segunda-feira, 8 de março de 2021

 

Esperando o Café

 

Enquanto espero que a água suba e o café desça,

Releio “Lament for Bukowski”, já não é manhã,

A noite passei-a a dialogar com uma encefalopatia hepática

E uma parede, ambas queriam comprar cigarros

Às três da manhã, numa cidade fechada,

Bens essenciais, subitamente a água sobe e quando cai

No nível superior já é café, o Bukowski continua

No seu caixão “dead as hell”, também o Al Purdy,

Não me lembro do que era antes de cair,

Talvez nunca tenha sido puro, a vida também isto,

Um lamento crescente, um poema que nasce de outra dor.

 

08.03.2021

 

Turku

 

João Bosco da Silva

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