Milénios na Memória
Pergunta-me como foi a minha passagem de ano no final do
milénio,
Estranhamente, não me lembro de grande coisa, as uvas
passas,
Com um pouco de espumante ao que chamávamos champanhe,
Uma ligeira espectativa de que se calhar um pagão ou um
apocalipse
Do mesmo calibre, pouco depois da meia-noite, cama
E acordar em mais um dia no mesmo mundo, muito melhor
Me lembro da passagem de ano seguinte, o baile de finalistas
Daquele ano, na extinta discoteca da vila, a primeira nota
de cinco euros,
Os últimos escudos e os primeiros finos, as raparigas tão
apetecíveis
E a fome tão grande, acabar a noite a comer tostas mistas
Enquanto o amigo das férias, já em casa, enfiava a manga
Da camisola do pijama numa perna e adormecia, naquela noite
gelada,
Que não fosse por isso, mais parecia uma longínqua noite de Agosto,
Lembro-me que me tinha apaixonado pela primeira vez no
verão,
Parece que antes disso, passar aquele nível nas nuvens do
Sonic 2,
Era como dar um beijo atrás da carrinha do pão à emigrante
francesa
Que partia no dia seguinte, o mundo afinal, tinha acabado naquele
verão.
10.08.2021
Ar
João Bosco da Silva
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