Poetas Periféricos
A quantos graus está o teu mundinho, mete mais lenha,
Mas quê, já cortaste as árvores todas há anos,
Quem vais culpar então desse nevoeiro cerebral,
O teu pai, a mamã, foram os meninos a quem bateste
Na escola, não foram suficientes, o problema foi termos
Nascido entre dois mundos, se te perguntar se gostas
Dos INXS, que me dirias, que não ligas a bandas modernas,
Mesmo que te diga que têm uma música sobre ti,
Todos gostamos de levar à nossa maneira
E nada disso nos torna especiais, apenas nos torna
Naquilo que somos, tenho muito pensado,
Nas vezes, tantas, em que me devia ter deitado afogar
Ao rio, mas o rio levava pouca água, ou premido
O gatilho, mas então quem limpava a esterqueira de miolos
E merda, só vos digo uma coisa, há quem limpe,
E a corrente, leva sempre o que levar, normalmente
Um cadáver fica sempre pelo caminho, agarrado a um amieiro,
Ou negrilho, quase sempre estrangeiro, inglês,
Sem família, ou pescador pobre, quando o que interessa
Não convém a quem interessa, salta, salta, não escrevas
Nem mais uma palavra, não me gastes a companhia,
Nas noites solitárias, depois de ter adiado a morte de
alguns,
Depois de acordar e de no espelho não ver vontade de
continuar.
22.02.2022
Turku
João Bosco da Silva
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