sábado, 26 de março de 2022

Invicta

 

Tinha recebido há uns meses, naquele mesmo quarto alugado,

Uma galega e uma trasmontana, ambas vestiam

Calças brancas quando me esperavam em frente ao Hospital de São João

E fodemos até à exaustão e à hora da última carreira,

Era agora Julho e eu afastava-te as nádegas e vinha-me

No teu olho do cu, à noite sairias de casa rua acima,

Guiada pelas lágrimas, não sei por que crueldade minha,

De manhã compraria pão fresco na mercearia da Rua Tua,

E brincaríamos aos casais felizes, inocentes como uma manhã de sol,

Despedi-me de ti na Praça da Galiza, engolia as lágrimas num silêncio

Certo do amor e dos cornos, estaríamos meia década juntos,

Entretanto a mercearia fechou, a juventude passou

E do amor resta apenas um eco familiar e vazio.

 

Turku

 

26.03.2022

 

João Bosco da Silva

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