Paroxetina à Beira do Rio
Disse-lhe que por causa da paroxetina,
Era capaz de nem sequer me vir,
Por isso foi assim, estacionados à beira do rio,
Mesmo antes da ponte romana, tenho a certeza
Que um luar qualquer de Abril, ela encostada
À porta e eu sem acreditar que aquele corpo
Me recebia, a primeira vez que a vi foi através
Da vergonha de umas janelas com os vidros
Remendados com fita cola, eu um garoto,
Ela já uma bela mulher com a prima,
Muitos a tiveram, mas mais a quiseram,
Se calhar nem me venho, procurando no fundo dela
Não sei que redenção, enquanto os seus olhos
Me penetravam até ao mais nu possível,
Que logo se fecharam quando me arranquei
Dela e subitamente me verti todo sobre
O seu corpo húmido, num vazio pleno de confissão
Antes da primeira comunhão, afinal vim-me
E bem, pensei, enquanto ela limpava da cara
O excesso da minha vontade e toda a minha confusão.
01/04/2022
Turku
João Bosco da Silva
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