Piri-Piri
Onde esperam aqueles amores que nunca foram,
Todos os olhares que não deram tempo ao sorriso,
Os cadáveres de tudo o que poderia ter sido,
As noites intermináveis, os medos que as seguem,
Passam os anos, um saco cheio de partidas,
Alguns nomes, a maioria um leve toque dos sentidos,
Entretanto envelhece-se, separações, o filho com o pai,
O cão com o ex-namorado, a casa vazia e as horas
Queimadas num trabalho mal pago com ares de heroísmo,
Gostam de pintar de heróis quem roça a escravatura,
Quem se sacrifica por pouco, pelo conforto de muitos,
Parece impossível que haja sempre espaço para mais
Um nome na promessa do esquecimento,
E eis que parte, os dedos quase se tocam numa despedida
De amantes que nunca foram, uma noite quase, nada.
25.07.2022
Turku
João Bosco da Silva
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