À Espera no Mecânico
Timidamente, com a voz cansada dos últimos anos,
Pergunta se lhe querem também comprar os pneus do carro,
Pois sabe, amanhã acaba a validade da minha carta,
O jovem não percebe à primeira, então num esforço
Ainda maior, repete, que depois de amanhã,
Não poderá conduzir mais, quase humilhado,
Um elefante que caminha em direção ao isolamento
Do cemitério, longe da sociedade activa,
Humilhado pela proximidade da inevitabilidade,
Antes desta se concretizar, um fim anunciado,
Ao que o jovem responde que não, não se apercebendo
Que o interesse era ele tornar-se testemunha também,
Daquele fim, daquela data que o afastará um pouco mais da
vida.
30.03.2023
Turku
João Bosco da Silva
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