Aquele Bolo com um Compal
Não sei medir a felicidade plebeia de atravessar aquela
ponte
Sobre altura e nada, em direção a casa dela, a mulher mais
exótica
Da vila, modelo na Coreia, meia galega, neta da minha
vizinha,
Alta como um sonho quase possível, um bolo e um Compal
Que ela pagou num café quase vazio, que interessa saber
tocar
Chopin num desafinado piano herdado dum apelido
Menos comum e um antepassado que em vez de caçador
De javalis e bebedor de vinho xistoso, o descobridor dum
calhau
Vazio no meio do medo e da incerteza, viver sem medir
apelidos,
Peças de música imortais, todos os clássicos que não se
leram,
Um bolo e um Compal depois do trabalho da meia galega,
Antes de nos fecharmos naquele quarto alugado às escuras,
Para cá do Marão, desenrolando suspiros e gemidos,
Desvendando espasmos e dilatações com o espanto da
juventude,
Até adormecermos ao som de um cantor Pop, longe das ondas
E deste corpo que hoje arrasta a tinta pela página fora,
Como se fosse tempo, tentando apanhar ao menos
Um momento, uma migalha daquele bolo com um Compal.
Turku
27.03.2023
João Bosco da Silva
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