segunda-feira, 6 de março de 2023

 

Insustentável Degelo

 

O rio continua congelado, nenhuma primavera

Parece possível, as que foram não serão,

As que serão não estão, o silêncio cobre as recordações

Que os fumos de alheias fogueiras trazem

À distração de um olhar, mais profundo é o rio

Na sua impenetrável consistência de pesadelo

Que se aceita como acordar em mais um dia,

Longe da amargura de todos os amores apodrecidos

Debaixo de macieiras no fim de outono,

Continua congelado o rio e viver tornou-se num mau hábito,

Que por não haver mais nada, se tolera.

 

05/03/2023

 

Turku

 

João Bosco da Silva

Sem comentários:

Enviar um comentário