Acabar Verões como se Acorda
Em tanta madrugada me foste a insónia,
Agora de olhos abertos te esqueço,
No entanto, as décadas não escondem
O que a geada e o fim do mais longo verão,
Rasgaram na pele dos sonhos e lá estamos nós,
Tu divorciada, eu perdido ainda,
Sentados num muro, num fim de tarde,
No ar a cor dos incêndios que acumulamos,
No teu sorriso outras tragédias
Que nos afastaram da juventude,
Os teus olhos outros de alguém
Conhecido e distante, nunca tocaram
A cor daqueles dióspiros que amadureciam
Mais rápido que as nossas ilusões,
O mundo continua um estranho
Mais propício a desencontros,
Os teus lábios um segredo que se finge
Compreender, porque é mais fácil continuar,
Assim, a acabar verões como se acorda.
Turku
27/05/2023
João Bosco da
Silva
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