A estas Horas
A estas horas os amores da juventude silenciosos
Como as ruas que os testemunharam, a vida aconteceu
E o pó dos anos endureceu numa camada lisa e estéril
De esquecimento, estes dedos agora não chegam a ninguém
E encontram palavras apenas ao ritmo da queda dos marmelos,
Que depois rolam pelo caminho da entrada abaixo,
Até baterem no portão de metal, como mais um nome,
Que sem se saber, se esqueceu para sempre, o próprio
Para alguém que contempla a mesma lua com um tédio
Sem pingo de nostalgia, até os sonhos, mesmos no sentido,
São compostos de uma matéria diferente, as horas passam
Como dias de grande responsabilidade, as mãos,
As mesmas mãos que tocaram a eternidade no fundo dos outros,
Nada mais parece importante ou eterno, a não ser
A evidência das poucas coisas definitivas e mesmo essas,
Se ignoram como o peso de um céu estralado numa noite de
verão.
30/09/2023
Torre de Dona Chama
João Bosco da Silva
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