domingo, 15 de outubro de 2023

 


A estas Horas

 

A estas horas os amores da juventude silenciosos

Como as ruas que os testemunharam, a vida aconteceu

E o pó dos anos endureceu numa camada lisa e estéril

De esquecimento, estes dedos agora não chegam a ninguém

E encontram palavras apenas ao ritmo da queda dos marmelos,

Que depois rolam pelo caminho da entrada abaixo,

Até baterem no portão de metal, como mais um nome,

Que sem se saber, se esqueceu para sempre, o próprio

Para alguém que contempla a mesma lua com um tédio

Sem pingo de nostalgia, até os sonhos, mesmos no sentido,

São compostos de uma matéria diferente, as horas passam

Como dias de grande responsabilidade, as mãos,

As mesmas mãos que tocaram a eternidade no fundo dos outros,

Nada mais parece importante ou eterno, a não ser

A evidência das poucas coisas definitivas e mesmo essas,

Se ignoram como o peso de um céu estralado numa noite de verão.

 

30/09/2023

 

Torre de Dona Chama

 

João Bosco da Silva

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