Fermentação
É a hora de almoço, nas ruas da vila não se ouvem
As vozes dos adolescentes de outros anos, a escola fechou,
No lagar o vinho fermenta, ouvem-se talheres cansados
Bater nos pratos desencantados, com sorte um rádio
Demasiado alto de um vizinho sobrevivente,
A juventude tem cabelos brancos e senta-se à sombra,
Contudo, o vinho no lagar fermenta, num rumor ancestral,
Um eterno ciclo, mas a escola fechou, há um vazio
De quem espera apenas o amarelecer das folhas,
Ecos de juventudes longínquas, há demasiado espaço
No ar para o silêncio e o esquecimento.
29/09/2023
Torre de Dona Chama
João Bosco da Silva
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