domingo, 15 de outubro de 2023

 


Fermentação

 

É a hora de almoço, nas ruas da vila não se ouvem

As vozes dos adolescentes de outros anos, a escola fechou,

No lagar o vinho fermenta, ouvem-se talheres cansados

Bater nos pratos desencantados, com sorte um rádio

Demasiado alto de um vizinho sobrevivente,

A juventude tem cabelos brancos e senta-se à sombra,

Contudo, o vinho no lagar fermenta, num rumor ancestral,

Um eterno ciclo, mas a escola fechou, há um vazio

De quem espera apenas o amarelecer das folhas,

Ecos de juventudes longínquas, há demasiado espaço

No ar para o silêncio e o esquecimento.

 

29/09/2023

 

Torre de Dona Chama

 

João Bosco da Silva

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