Na Nossa Natureza 2
Alimentamo-nos de ilusão, dedos invisíveis de vontade
Que apontam e pedem, suportamos por vezes,
Pequenas doses de ternura, dão para ir andando,
Mas os dentes revelam melhor aquilo que realmente
Precisamos de rasgar, como nos aconchega o cheiro do fumo,
O colo da escuridão, a mão do silêncio que nos empurra
Para dentro e lá nos encontramos nus além dos limites
Da pele, ganhar tudo num momento em que se deita a perder
O pouco que se tem, olham-se as mãos vazias,
Cheira-se nelas ainda as entranhas oferecidas ao desejo,
À ilusão e logo se escondem numa vergonha
De intenso sol de manhã, contra a pela suja
Que nenhum banho lavará melhor que o esquecimento.
Turku
31/05/2024
João Bosco da Silva
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