sábado, 1 de junho de 2024

 

Na Nossa Natureza 2

 

Alimentamo-nos de ilusão, dedos invisíveis de vontade

Que apontam e pedem, suportamos por vezes,

Pequenas doses de ternura, dão para ir andando,

Mas os dentes revelam melhor aquilo que realmente

Precisamos de rasgar, como nos aconchega o cheiro do fumo,

O colo da escuridão, a mão do silêncio que nos empurra

Para dentro e lá nos encontramos nus além dos limites

Da pele, ganhar tudo num momento em que se deita a perder

O pouco que se tem, olham-se as mãos vazias,

Cheira-se nelas ainda as entranhas oferecidas ao desejo,

À ilusão e logo se escondem numa vergonha

De intenso sol de manhã, contra a pela suja

Que nenhum banho lavará melhor que o esquecimento.

 

Turku

 

31/05/2024

 

João Bosco da Silva

 

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