sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

 

um minuto ao sol e o silêncio possível – haikus

 

 

Conseguisse ser eu

limpo e claro

como esta manhã de dezembro.

 

Sentado ao Sol

ouço os pássaros –

manhã de véspera.

 

Ao sol esvoaçam

os enfeites de Natal –

manhã gelada.

 

Como o campo geado

também eu

ao sol.

 

Só peço um minuto

em silêncio ao sol –

manhã de consoada.

 

Só peço um minuto ao sol

e o silêncio possível

desta terra.

 

Secou o carrasco

da minha infância –

um coto seco e recordações.

 

Nascido da fraga

só cresceu

até a infância acabar.

 

A sombra do pequeno pinheiro

cobre quase todo

o campo verdejante.

 

O sol de um lado

a geada já do outro –

crepúsculo de consoada.

 

Galos cantam gatos lutam

bebé chora –

Natal em branco.

 

Pudesse eu

simplesmente ser

um varredor de musgo.

 

Uma infância sem ruínas

é uma infância

arruinada.

 

Arrumados os bombos

as oliveiras agora

também descansam.

 

Varrer as agulhas

deste musgo –

fosse esse o propósito.

 

Torre de Dona Chama, Dezembro 2024

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