Cemitério Romano
“Llueve,
Llueve sempre en las
ruinas.”
Leopoldo María Panero
Costumo sonhar com vastos cemitérios romanos,
Com árvores invernais, túmulos partidos,
Alguns ossos expostos que o esquecimento permite,
Contudo, não é um pesadelo, é um passeio lento,
Sem procura, no ar, o cheiro a mármore escurecido
Pelo fumo de mil velas, húmus e a ausência da carne,
Existe um silêncio sibilante, desconcertante
E apesar do vazio e da solidão, alguém me acompanha,
Sempre, há folhas caídas, já sem sinais de verão,
Algumas entram pelas brechas na pedra dos túmulos,
Tocam os ossos frios e anónimos pelo esquecimento,
Uma amalgama descomposta de matéria orgânica,
Onde não cabem sonhos de poder ou avareza,
Humildemente, passando por um souto seco,
Acordo mais uma vez e o mundo recebe-me sem entusiasmo.
24/01/2025
Turku
João Bosco da Silva
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