sábado, 25 de janeiro de 2025

 


Cemitério Romano

 

“Llueve,

Llueve sempre en las ruinas.”

Leopoldo María Panero

 

Costumo sonhar com vastos cemitérios romanos,

Com árvores invernais, túmulos partidos,

Alguns ossos expostos que o esquecimento permite,

Contudo, não é um pesadelo, é um passeio lento,

Sem procura, no ar, o cheiro a mármore escurecido

Pelo fumo de mil velas, húmus e a ausência da carne,

Existe um silêncio sibilante, desconcertante

E apesar do vazio e da solidão, alguém me acompanha,

Sempre, há folhas caídas, já sem sinais de verão,

Algumas entram pelas brechas na pedra dos túmulos,

Tocam os ossos frios e anónimos pelo esquecimento,

Uma amalgama descomposta de matéria orgânica,

Onde não cabem sonhos de poder ou avareza,

Humildemente, passando por um souto seco,

Acordo mais uma vez e o mundo recebe-me sem entusiasmo.

 

24/01/2025

 

Turku

 

João Bosco da Silva

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