Haikus Toscanos
Da carne e da vontade
que imponentes torres ergueu
nada resta.
Onde antes brasões
agora
duas janelas.
No céu azul de Florença
dois aviões
e algumas andorinhas.
Procurar Adriano
sem sucesso –
erro meu.
Manhã de inverno
tarde de verão –
casaco à pendura.
Depois de uma noite
de febre e calafrios
arte como bálsamo.
Muito andou Jesus
por Florença –
quadros renascentistas.
No meio de tanta beleza
é do seu piscar de olhos
que tenho saudades.
Não trocava todas as visitas
a museus por todas
as fraldas que te troquei.
Nunca se está só
quando há sempre
a companhia de um pardal.
Olham o futuro
com ar sério
os autorretratos.
Aquela expressão comum
dos autorretratos
olhando para o futuro.
Sob o céu Toscano
é das rãs do poço
que me lembro.
Escadas agora obsoletas
para chegar
ao esquecimento.
De cor-de-rosa pinta
a catedral –
crepúsculo.
Todas dadas
pelo sol
as cores.
Não pensar em nada
mais além
do próximo passo.
À noite as cidades
reflectidas no rio
são uma.
Arrancar um ramo
de alfazema –
levar a casa num bolso.
Toscana, Março 2025
Sem comentários:
Enviar um comentário