segunda-feira, 17 de março de 2025

 




Haikus Toscanos

 

Da carne e da vontade

que imponentes torres ergueu

nada resta.

 

Onde antes brasões

agora

duas janelas.

 

No céu azul de Florença

dois aviões

e algumas andorinhas.

 

Procurar Adriano

sem sucesso –

erro meu.

 

Manhã de inverno

tarde de verão –

casaco à pendura.

 

Depois de uma noite

de febre e calafrios

arte como bálsamo.

 

Muito andou Jesus

por Florença –

quadros renascentistas.

 

No meio de tanta beleza

é do seu piscar de olhos

que tenho saudades.

 

Não trocava todas as visitas

a museus por todas

as fraldas que te troquei.

 

Nunca se está só

quando há sempre

a companhia de um pardal.

 

Olham o futuro

com ar sério

os autorretratos.

 

Aquela expressão comum

dos autorretratos

olhando para o futuro.

 

Sob o céu Toscano

é das rãs do poço

que me lembro.

 

Escadas agora obsoletas

para chegar

ao esquecimento.

 

De cor-de-rosa pinta

a catedral –

crepúsculo.

 

Todas dadas

pelo sol

as cores.

 

Não pensar em nada

mais além

do próximo passo.

 

À noite as cidades

reflectidas no rio

são uma.

 

Arrancar um ramo

de alfazema –

levar a casa num bolso.

 

Toscana, Março 2025

Sem comentários:

Enviar um comentário