Abril
Escrever em abril sempre me deu um prazer especial,
Lembro-me particularmente dum fim de tarde,
Antes dos meus dezoito anos, depois do dia passado
Na aldeia da minha mãe, sentado em frente ao monitor,
Sentindo o peculiar cheiro do dia que arrefece,
Enquanto o laranja fogo se troca por um azul ainda quente,
Um dia livre, de feriado, sem adiamentos,
E os meus dedos como o dia, jovens como a primavera,
Hoje o meu país é o mundo e a liberdade,
Parece-me, é como a felicidade, ou o amor eterno,
É um direito que nos entregam por favor,
Um cheirinho aqui ou ali, nunca o prato cheio,
Não vá a engrenagem saltar da maquinaria cega,
Que alimenta meia dúzia de porcos, num vagão
Em direção ao apocalipse, esse paraíso dos fascistas.
25/04/2025
Turku
João Bosco da Silva
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